sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Sobre gostosuras

Minha avó, mãe da minha mãe, costumava fazer pães de abóbora.
Eles eram deliciosos.

Nunca mais vi um pão de abóbora.
Tenho certeza de que ele não seria tão bom quanto o da minha avó.

Ela tinha a receita na cabeça e nas mãos.
E mais nada.

Tem coisas que são feitas pra virar lembrança boa.


As aulas que dou me escavam de formas tão divertidas...

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Sobre quem somos

Há muito tempo se cortou na rua, tinha se esquecido.
Foi num dia em que andava distraída com os braços livres.

Nas costas da mão, agora, um pequeno lembrete do corte.
Só vê quem a observa por muito tempo.
Quem dá a mão a ela.
E quem ela se permite dar a mão.

Mas lá está. Exposto.
E ela não se cansa de contar a história.
Pra quem quiser saber.

Pra quem SOUBER saber.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Aaah, o verão...

Quando faz calor, eu prefiro rir
E deixar a cabeça cair fora do colchão.

Prefiro fazer cosquinha e falar bobagem.
Fazer salpicão roubando batata palha
E comer (e/ou beber) muito além da conta.

Porque bom mesmo é ser feliz
Da boca pra fora, pra dentro ou pros lados.
Por todos os lados.

E se divertir.

Porque, afinal de contas,
Tá um calor do c***!!!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Sobre reviravoltas

Ela não acreditou no que viu.
Nem abriu o manto.
Não havia nada pra levar.
Me olhou como quem diz "eu volto",
Mas teve que sair pela porta dos fundos.

Eu, ainda sentada, ainda com a cabeça baixa,
Deixei o alívio me cair dos olhos e me molhar as mãos.
Distraída, ganhei um beijo na testa de um anjo que disse:
"Está tudo bem".

Sorri como quem pede desculpa,
Agradeci como quem ganha o mundo
E me levantei feito gigante.

É que, às vezes, a vida cansa de espernear
E se permite ser viviva.
Uma morte de cada vez.


Pra todas as pessoas que julgam com sabedoria
Ou que nem julgam, feito anjos.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Sobre perder, de novo

Minha morte sempre volta
Me vigia do canto.

Às vezes ela se levanta
E no seu manto ela leva
Num golpe de martelo
Toda a luz que me cerca.

Ela, promotora,
Ao me algemar mais uma fez no passado,
Sussurra sobre escolhas e consequências.

Eu, eterna ré,
Abaixo a cabeça e aceito o golpe.
Eu sei, ela nunca se cansa.




"A morte é limpa.
Cruel, mas limpa."
(Henriqueta Lisboa)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A saga da burguesinha

Um dia, numa mesa de bar, eu contava às pessoas que precisava ir à Contagem ver umas coisas, e que estava com bastante preguiça de fazê-lo. Um sujeito responde:
- Ô, princesinha, tem uma coisa grande, de ferro, que passa sobre trilhos, que te deixa lá. Se chama metrô. Acho que você consegue pegar sozinha.

Um outro dia, um amigo me pede carona pra eu voltar de BH. Eu disse que poderíamos voltar juntos de ônibus. Ele:
- Você, andando de ônibus?? Nossa! Nunca te imaginei fazendo essas coisas.

E foi sempre assim.
Acho que tendo a passar impressões erradas.

E isso tem me feito perder cada vez mais coisa...

Enquanto isso, no carnaval...

Tem dia que o tempo faz pirraça.
Vontade de empurrar os ponteiros mais pra frente, que é pra ver se eles apontam pra alguma coisa.
Qualquer coisa.



Às vezes, passo tão rápido que não enxergo a mim mesma.
Também, às vezes, me enxergo até demais.
Ai.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Sobre derreter

I start to melt
With your arms round my waist
And your mouth starts to spell
And the words telling me to fade

I start to fade
With his arms round my waist
And his mouth starts to spell
And the words telling me to stay

I start to melt
With my arms round your waist
And my mouth starts to spell
And the words saying it's okay.


Pequeniníssima adaptação de Peter, Bjorn and John
Tem gente que canta por mim.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A gente aprende

Agora eu vivo de saudade e de matar saudade.
Num desespero bom.
"A gente é feliz quando o outro traz sossego", ela já dizia...

Mas não sei muito dessas coisas de descanso.
Ando, então, aprendendo a encostar a cabeça, cansada,
A receber abraços longos,
A fechar os olhos e até dormir.

Com ele.
Porque sossego, agora, eu tenho é no balde.
=)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Pra ser feliz sábado à tarde

Eu tenho uma anja, uma pequena, uma andorinha, um professor, um gringo, um amor, uns amigos de infância.
Bolo de chocolate, caipivodkas de uva e abacaxi, sol batendo nas costas, cachorro sentado no pé.

O irmão gigante pega a viola.
A gente canta sobre lei, gatos, uma tal de Rita, sorte com a Beatriz, cavalos que não falam outra língua, farofa e biluzinhos.


Eu preciso de pouco.
Só do mais importante, na vida.
Com eles, pra eles.

E você?
Precisa de mais?

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Sobre crianças

É lá que eu vejo:

Que professora que nada!
Tô com elas pra aprender.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Sobre amor e grude

Sentada da beirada da cama dela, à noite, é que eu resolvo minha vida inteira.
Só não quero ficar longe dela.

Não, mãe, nunca, isso já está mais que resolvido.


Pra quem sabe que distância é relativo...