Desde pequena, quando ele voltava de viagem, ele trazia uma caixinha de chocolates belgas pra mim.
Eram lindos, tinham forma de chonchas do mar, mesclados de branco e preto. Mármore de delícia.
Perfeitos. 'Os melhores do mundo', ele dizia.
E deviam ser mesmo. Era impossível que fizessem algo mais gostoso que aquilo.
Comia uma conchinha por dia.
Desligava o som e a televisão. Só prestava atenção no sabor.
Dava micromordidas, pra durar mais tempo.
Percebia todas as nuances. Tudo.
Em maio de 2006 eu recebi a notícia que eu iria pra Bélgica no ano seguinte.
Pensei: quando eu chegar, vou comprar uma caixa e vou encher a boca daqueles chocolates maravilhosos, sujar os dentes, me lambuzar. De gula. De desaforo. De tudo.
Cheguei. Fui à uma Chocolatérie e comprei um saquinho. Fui pra casa levando ouro no bolso. Fiz o prometido.
Êxtase! Era a coisa mais deliciosa que eu já tinha feito. Ele todo derreteu e grudou no céu da minha boca.
Que ousadia, a minha! Comer aquela preciosidade toda de uma vez.
Me achei radical. Foi fantástico.
Dia bom.
Semana passada, ele voltou da Bélgica e trouxe uma caixinha de chocolates pra mim.
Desliguei o som e a TV. Dei micromordidas com os olhos fechados...
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